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Mostrando postagens de abril, 2021

poemas; ciclos

Sempre achei engraçado o fato de termos documentos de mesmo nome para indicar nossa chega e partida, mais do que engraçado, acho irônico e, de certa forma, reconfortante. Reconfortante pois é como se voltássemos para o ponto inicial e, por mais frustrante que isso pareça para muitos, prefiro reiniciar ciclos do que caminhar por lihas retas que têm um fim. A linearidade nunca foi meu forte. . . . . Certidão O mundo começa e termina Com as mesmas letras sobre as mesmas linhas As mesmas palavras indígnas De serem da vida que as tinha Mas agora não tem mais Vida longa ao mortos Morte curta aos vivos

poemas; desordens

O poema de hoje foi escrito em 2019, mas ainda é, estranhamente, atual - ouso dizer que os últimos seis meses que passei dentro de casa são perfeitamente ilustrados aqui. Em meio ao caos é difícil organizar sentimentos e planejar ações, tanto que escrevi esse poema após o caos ter passado, deixando apenas os restos do que um dia foi concreto. Não é exatamente uma poesia reconfortante, mas, às vezes, o melhor conforto é saber que alguém entende a bagunça dentro de você, mesmo que ninguém saiba arrumá-la... ainda. . . . . . Caótico Sinto náusea todos os dias Uma dor angustiante me domina Quebros copos, pratos, pias Luto contra todas as vacinas Eu detesto a luz natural que irradia Quando abro a janela, nada me fascina Quero ler de novo, sentir poesia No canto da sala, sou pura toxina

poemas; apatias

Escrevi esse poema pensando no meu pai, ele estava dirigindo e eu, sentado no banco de trás do carro, observava-o pelo retrovisor. Nossa relação sempre foi silenciosa, mas eu não acho que esse silêncio tenha sido significativo ou aconchegante. Com o tempo percebi como ele era uma alma pobre. Tentei retratar isso nesse texto, mostrando como ele rejeitava as soluções oferecidas e se afundava cada vez mais na sua personalidade egoísta e distante. Hoje, eu vejo que meu pai nunca aprendeu como tratar dos sentimentos dele, muitos são assim, e o que mais me entristece é, às vezes, perceber que sou quase como ele... . . . . A máquina   O homem que não sabia amar Perdeu todo o amor que tinha Enquanto piamente repetia Que em nada o amor pode ajudar O homem que não sabia parar Perdeu todo o tempo que tinha Enquanto piamente repetia Que em nada o tempo pode ajudar O homem que não sabia falar Perdeu todas as palavras que tinha Enquanto piamente r

poemas; rótulos

Escolhi por deixar a introdução por último para reforçar o ideal de ilogicidade, absurdo que almejo para o poema e pois sei que o texto abaaixo necessita de muitas explicações; por isso, peço que, se necessário, releia-o mais algumas vezes e tente sugar o máximo que conseguir antes de tê-lo em suas mãos destrinchado por mim. . . . Prisão Eu nasci morto Eu cresci morta Vivi tanto para os outros Que morri sem viver Quando retomei minha vida E vivi-a tão corrida Que até mesmo na morte Eu vivia sem morrer . . . . Tenho muites amigues trans e não-bináries, incluindo eu mesmo, e foi inspirado nelus que escrevi esse poema. O objetivo final é causar estranheza e deixar dúvidas em quem lê: Por que a troca de gênero? A pessoa morreu ou não? Qual o limite do figurativo e do literal no poema? . A troca de gênero no início é essencial para mostrar as transformações ao decorrer de nossas vidas e a escolha da palavra morto/morta ilustra ambas a dor de nascer rotulade como alguém que você não