poemas; rótulos

Escolhi por deixar a introdução por último para reforçar o ideal de ilogicidade, absurdo que almejo para o poema e pois sei que o texto abaaixo necessita de muitas explicações; por isso, peço que, se necessário, releia-o mais algumas vezes e tente sugar o máximo que conseguir antes de tê-lo em suas mãos destrinchado por mim.
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Prisão

Eu nasci morto
Eu cresci morta
Vivi tanto para os outros
Que morri sem viver
Quando retomei minha vida
E vivi-a tão corrida
Que até mesmo na morte
Eu vivia sem morrer
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Tenho muites amigues trans e não-bináries, incluindo eu mesmo, e foi inspirado nelus que escrevi esse poema. O objetivo final é causar estranheza e deixar dúvidas em quem lê: Por que a troca de gênero? A pessoa morreu ou não? Qual o limite do figurativo e do literal no poema?
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A troca de gênero no início é essencial para mostrar as transformações ao decorrer de nossas vidas e a escolha da palavra morto/morta ilustra ambas a dor de nascer rotulade como alguém que você não é, como a dor de crescer sabendo que nossa estimativa aproximada de vida é de 30 anos. O resto do poema é um labirinto de palavras repetidas ocupando diferentes significados e representando diferentes momentos da vida da personagem, não há limites entre o figurativo e o literal, há intersecções. Mais que isso não pode ser explicado, apenas vivido ou sentido. Deixo-lhes com uma última pergunta, para todes: Até onde nossas vidas, pronomes e mortes são reais?

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